Soube a pouco

Como diria o Sérgio Godinho, "hoje soube-me a pouco" o empate com o Benfica. E soube-me a pouco por vários motivos:
1. Dominámos a partida em cerca de 70%, especialmente os primeiros 30 minutos da primeira parte e os 20 da segunda;
2. Mesmo sem Liédson e com Simon a regressar de lesão, nem por isso a nossa frente de ataque se sentiu mais fragilizada;
3. O Paulo Paraty teve mais uma exibição à sua imagem: fraca, sem um pingo de qualidade e, infelizmente, muito em prejuízo do Sporting.

Atendendo a que as desculpas por um ou outro resultado menos positivo com a arbitragem nunca caem no goto e porque estas são quase sempre entendidas como "desculpas de mau perdedor" (ou neste caso de mau "empatador", passe a expressão), vou procurar não me resguardar neste aspecto. Mas há que, sumaria e imparcialmente, dizê-lo: a suposta mão de Veloso no início do jogo não é, a meu ver, penalty e é claramente bola na mão e não mão na bola; apesar do "teatro" (porque, sem dúvida, existiu) há lugar a cartão vermelho para o Cardozo por agressão ao Tonel; há penalty clarissimo sobre Vukcevic (além de ser, ao que consta, unânime, eu vi no estádio mesmo à minha frente o lance e disse-o, sem hesitações, que era motivo para o castigo máximo, tão claro foi o lance); há dúvidas se existe penalty sobre Purovic, embora "dê de barato" que este não o seja, porque este se embrulha com o jogador do Benfica num lance de "futebol" que acontece "n" vezes durante os jogos; a expulsão do Nélson, naquele lance, é exagerada porque apesar de dura, justificava o amarelo e não mais do que isso.

No jogo jogado, o Benfica - desfalcado, sem Petit e Luisão (não conto com Nuno Gomes e Nuno Assis que esses nem titulares são nem qualidade têm para justificar qualquer referência) - apareceu a espaços e, como equipa forte que é, conseguiu impor o seu futebol em hiatos de 5 ou 10 minutos, durante duas ou três vezes no jogo. Mas não mais que isso. O Sporting sentiu muito o desgaste físico de Izmailov e de Simon, ambos parados durante 2 e 3 semanas, respectivamente. Quando eles estiveram em campo e demonstraram fulgor físico e técnico, o Sporting dominou e empurrou o Benfica, especialmente através da exploração do flanco direito da defesa do Benfica. Quando Izma e Simon estoiraram, o Sporting desapareceu.

Contas feitas, a meu ver, não há grandes motivos para sorrir. O resultado foi benéfico para o Benfica, que mantém os 5 pontos de vantagem sobre o Sporting e nós estamos - imagine-se - em 5º lugar. Creio que, tal como o Paulo Bento fez questão de referir (e bem) não iremos ficar em 5º lugar com toda a certeza, mas se queremos aspirar ao 2º ou ao 3º, temos de ser mais consistentes, com exibições mais regulares e mais equipa. Excepção feita a 4 ou 5 jogadores medianos/fracos do plantel, qualidade há com certeza, falta muitas vezes é a raça e o fulgor que ontem durante alguns períodos demonstrámos ter.

Vem aí o Bolton e depois o V. Guimarães, UEFA e acesso à Champions League em discussão. Não corram não e depois queixem-se que o sofrimento para chegar ao 3º vai ser o cabo dos trabalhos. Basta acelerar um bocadinho e os golos aparecem. É preciso acreditar, mas mais importante que isso, lutar com "aquela" determinação.